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2012-11-01 10:55:05Z ebrandi $
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Este documento irá destacar as diferenças entre FreeBSD e Linux para que os usuários intermediários e avançados possam rapidamente se familiarizar com os conceitos básicos do FreeBSD. Esta é apenas uma rápida introdução técnica, ela não tenta discutir as diferenças “filosóficas” entre os dois sistemas operacionais.
Este documento assume que você já tem o FreeBSD instalado. Se você não tem o FreeBSD instalado ou precisa de ajuda com o processo de instalação, por favor, consulte o capítulo Instalando o FreeBSD no Handbook.
Usuários vindos do Linux são frequentemente surpreendidos por não encontrarem o Bash como o shell padrão no FreeBSD. De fato, o Bash nem mesmo está presente na instalação padrão. Em vez disso, o FreeBSD usa o tcsh(1) como shell padrão. Embora o Bash e seus outros shells favoritos estejam disponíveis na Coleção de Ports do FreeBSD.
Se você instalar outros shells, o chsh(1) poderá ser usado para definir o shell padrão dos usuários. Contudo, é recomendável que o shell padrão do root permaneça inalterado. A razão para isso é que shells não incluídos na base do sistema são normalmente instalados em /usr/local/bin ou /usr/bin. Caso ocorra um problema no sistema de arquivos no qual estão localizados o /usr/local/bin e o /usr/bin, eles não poderão ser montados. Neste caso, o usuário root não teria acesso ao seu shell padrão, o que o impediria de efetuar login. Por este motivo uma segunda conta root, a conta toor, foi criada para uso com shells que não fazem parte da base do sistema. Leia o FAQ de segurança para obter informações sobre a conta toor.
Além do tradicional método UNIX® de instalação de programas (baixar o código fonte, extrair, editar o código fonte, e compilar), o FreeBSD oferece dois outros métodos para instalar aplicações: pacotes e ports. Uma lista completa de todos os ports e pacotes disponíveis pode ser encontrada aqui.
Pacotes são aplicações pré-compiladas, o equivalente no FreeBSD ao .deb nos sistemas baseados no Debian/Ubuntu e ao .rpm nos sistemas baseados no Red Hat/Fedora. Pacotes são instalados usando pkg_add(1). Por exemplo, o seguinte comando instala o Apache 2.2:
# pkg_add /tmp/apache-2.2.6_2.tbz
Usar a opção -r
dirá ao pkg_add(1) para baixar
automaticamente o pacote e instalá-lo, juntamente com quaisquer dependências
que ele possua:
# pkg_add -r apache22 Fetching ftp://ftp.freebsd.org/pub/FreeBSD/ports/i386/packages-6.2-release/Latest/apache22.tbz... Done. Fetching ftp://ftp.freebsd.org/pub/FreeBSD/ports/i386/packages-6.2-release/All/expat-2.0.0_1.tbz... Done. Fetching ftp://ftp.freebsd.org/pub/FreeBSD/ports/i386/packages-6.2-release/All/perl-5.8.8_1.tbz... Done. [snip] To run apache www server from startup, add apache22_enable="YES" in your /etc/rc.conf. Extra options can be found in startup script.
Nota: Se você está rodando uma versão de release do FreeBSD (6.2, 6.3, 7.0, etc., geralmente instalada a partir de um CD-ROM) o pkg_add -r vai baixar o pacote compilado especificamente para esta versão. Este pacote pode não ser a versão mais atual da aplicação. Você pode usar a variável PACKAGESITE para sobrescrever este comportamento padrão. Por exemplo, ajuste PACKAGESITE para ftp://ftp.freebsd.org/pub/FreeBSD/ports/i386/packages-6-stable/Latest/ para baixar os pacotes mais recentes compilados para a série 6.X.
Para mais informações sobre pacotes, por favor, consulte a seção 4.4 do Handbook do FreeBSD: Usando o Sistema de Pacotes.
O segundo método para instalação de aplicações no FreeBSD é a Coleção de Ports. A Coleção de Ports é um framework de Makefiles e patches especialmente customizados para a instalação de vários programas a partir do código fonte no FreeBSD. Ao instalar um port o sistema irá baixar o código fonte, aplicar qualquer patch necessário, compilar o código, e instalar a aplicação. O mesmo processo será aplicado para todas as suas dependências.
A Coleção de Ports, por vezes designada como a árvore de ports, pode ser encontrada em /usr/ports. Isto assumindo que a Coleção de Ports foi instalada durante o processo de instalação do FreeBSD. Se a Coleção de Ports não foi instalada, ela pode ser adicionada a partir dos discos de instalação usando sysinstall(8), ou baixada dos servidores do FreeBSD usando csup(1) ou portsnap(8). Instruções detalhadas para a instalação da Coleção de Ports podem ser encontradas na seção 4.5.1 do Handbook.
A instalação de um port é tão simples (geralmente) quanto entrar no diretório do port desejado e iniciar o processo de compilação. O exemplo seguinte instala o Apache 2.2 a partir da Coleção de Ports:
# cd /usr/ports/www/apache22 # make install clean
Um grande benefício do uso do ports para instalar programas é a possibilidade de personalizar as opções de instalação. Por exemplo, ao instalar o Apache 2.2 a partir do ports, você poderá habilitar o mod_ldap definindo a variável WITH_LDAP ao executar make(1):
# cd /usr/ports/www/apache22 # make WITH_LDAP="YES" install clean
Por favor, leia a seção 4.5 do Handbook do FreeBSD, Usando a Coleção de Ports, para maiores informações sobre a Coleção de Ports.
Pacotes são apenas ports pré-compilados, então na prática é uma questão de instalarmos a partir do código fonte (ports) contra instalarmos de um pacote binário. Cada método tem seus próprios benefícios:
Pacotes (binário)
Instalação rápida (a compilação de grandes aplicações pode ser um tanto demorada).
Você não precisar saber como compilar o programa.
Não é necessário instalar compiladores no seu sistema.
Ports (código fonte)
Possibilidade de personalizar as opções de instalação. (Pacotes normalmente são compilados com as opções padrões. Com o ports você pode personalizar várias opções, como a compilação de módulos adicionais ou a mudança do path de instalação padrão.)
Você pode aplicar seus próprios patches se assim desejar.
Se você não tem qualquer requisito especial, o sistema de pacotes provavelmente vai se adequar muito bem à sua situação. Se você for precisar personalizar a instalação, o ports é a melhor opção. (E lembre-se, se você precisa personalizar a instalação, mas prefere pacotes, você pode compilar um pacote personalizado a partir do ports usando make package e, em seguida, copiar o pacote para outros servidores.)
O Linux usa o sistema SysV init, enquanto o FreeBSD usa o tradicional BSD-style init(8). Sob o BSD-style init(8) não existem run-levels e nem /etc/inittab, em vez disso a inicialização é controlada pelo utilitário rc(8). O script /etc/rc lê /etc/defaults/rc.conf e /etc/rc.conf para determinar quais serviços serão iniciados. Os serviços especificados são, então, inicializados rodando os scripts de inicialização correspondentes em /etc/rc.d/ e /usr/local/etc/rc.d/. Esses scripts são similares aos scripts localizados em /etc/init.d/ nos sistemas Linux.
Os Serviços são ativados espeficificando NomeDoServiço_enable="YES" em /etc/rc.conf (rc.conf(5)). Dê uma olhada em /etc/defaults/rc.conf para visualizar os padrões do sistema, essas configurações padrões podem ser sobrescritas por configurações em /etc/rc.conf. Quando instalar aplicações adicionais não deixe de analisar a documentação para determinar como ativar qualquer serviço associado.
O seguinte trecho do /etc/rc.conf ativa o sshd(8) e o Apache 2.2. Ele também determina que o Apache deve ser iniciado com SSL.
# enable SSHD sshd_enable="YES" # enable Apache with SSL apache22_enable="YES" apache22_flags="-DSSL"
Uma vez que o serviço foi ativado em /etc/rc.conf, ele pode ser inicializado pela linha de comando (sem precisar reinicializar o sistema):
# /etc/rc.d/sshd start
Se o serviço não foi ativado, ele pode ser inicializado pela linha de comando usando
forcestart
:
# /etc/rc.d/sshd forcestart
Em vez do identificador genérico ethX, que o Linux usa para identificar uma interface de rede, o FreeBSD usa o nome do driver do dispositivo de rede seguido por um número como identificador. A seguinte saída do ifconfig(8) mostra duas interfaces de rede Intel® Pro 1000 (em0 e em1):
% ifconfig em0: flags=8843<UP,BROADCAST,RUNNING,SIMPLEX,MULTICAST> mtu 1500 options=b<RXCSUM,TXCSUM,VLAN_MTU> inet 10.10.10.100 netmask 0xffffff00 broadcast 10.10.10.255 ether 00:50:56:a7:70:b2 media: Ethernet autoselect (1000baseTX <full-duplex>) status: active em1: flags=8843<UP,BROADCAST,RUNNING,SIMPLEX,MULTICAST> mtu 1500 options=b<RXCSUM,TXCSUM,VLAN_MTU> inet 192.168.10.222 netmask 0xffffff00 broadcast 192.168.10.255 ether 00:50:56:a7:03:2b media: Ethernet autoselect (1000baseTX <full-duplex>) status: active
Um endereço IP pode ser atribuído a uma interface de rede usando ifconfig(8). No entanto, para mantê-lo persistente entre as reinicializações, a configuração deve ser incluída em /etc/rc.conf. O seguinte exemplo configura o hostname, o endereço IP, e o gateway padrão:
hostname="server1.example.com" ifconfig_em0="inet 10.10.10.100 netmask 255.255.255.0" defaultrouter="10.10.10.1"
Use a seguinte sintaxe para configurar a interface para DHCP:
hostname="server1.example.com" ifconfig_em0="DHCP"
Como o IPTABLES no Linux, o FreeBSD também oferece um firewall ao nível de kernel; atualmente o FreeBSD oferece três opções de firewalls:
O IPFIREWALL, ou IPFW (o comando para gerenciar um conjunto de regras IPFW é ipfw(8)), é o firewall desenvolvido e mantido pelos desenvolvedores do FreeBSD. O IPFW pode ser integrado com dummynet(4) para prover a capacidade de controle de tráfego e simular diferentes tipos de conexões de rede.
Amostra de uma regra do IPFW para permitir uma conexão de entrada do SSH:
ipfw add allow tcp from any to me 22 in via $ext_if
IPFILTER é um aplicativo de firewall desenvolvido por Darren Reed. Ele não é específico para o FreeBSD e foi portado para vários sistemas operacionais, incluindo NetBSD, OpenBSD, SunOS, HP/UX, e Solaris.
Amostra do comando IPFILTER para permitir uma conexão de entrada do SSH:
pass in on $ext_if proto tcp from any to any port = 22
O último aplicativo de firewall, PF, é desenvolvido pelo projeto OpenBSD. O PF foi criado como um substituto para o IPFILTER. Como tal, a sintaxe do PF é muito similar à do IPFILTER. O PF pode ser integrado com altq(4) para prover recursos de QoS.
Amostra do comando PF para permitir uma conexão de entrada do SSH:
pass in on $ext_if inet proto tcp from any to ($ext_if) port 22
Existem três métodos para atualizar um sistema FreeBSD: a partir do código fonte, atualização binária, e a partir dos discos de instalação.
A atualização a partir do código fonte é a mais demorada, mas por outro lado é a que oferece a maior flexibilidade. O processo envolve a sincronização de uma cópia local do código fonte do sistema a partir dos servidores Subversion do FreeBSD. Uma vez que o código fonte local está atualizado, você pode compilar a nova versão do kernel e dos aplicativos de nível de usuário. Para maiores informações sobre atualizações a partir do código fonte veja o capítulo sobre atualização no Handbook do FreeBSD.
As atualizações binárias são similares ao uso do yum ou apt-get para atualizar sistemas Linux. O comando freebsd-update(8) vai baixar e instalar as novas atualizações. As atualizações podem ser agendadas usando cron(8).
Nota: Se você utilizar o cron(8) para agendar as atualizações, por favor, certifique-se de usar freebsd-update cron em seu crontab(1) para reduzir a possibilidade de que um grande número de máquinas busquem as atualizações todas ao mesmo tempo.
0 3 * * * root /usr/sbin/freebsd-update cron
O último método de atualização, a partir dos discos de instalação, é um processo bastante simples. Efetue o boot a partir dos discos de instalação e selecione a opção para atualizar.
No Linux, para determinar se o encaminhamento IP está ativado, você pode olhar em /proc/sys/net/ipv4/ip_forward. No FreeBSD você precisa usar o sysctl(8) para ver esta e outras opções do sistema, pois o procfs(5) tornou-se obsoleto nas versões mais recentes do FreeBSD. (Embora sysctl também esteja disponível no Linux.)
No exemplo do encaminhamento IP, você poderia usar o seguinte comando para determinar se ele está ativado no seu sistema FreeBSD:
% sysctl net.inet.ip.forwarding net.inet.ip.forwarding: 0
A opção -a
é utilizada para listar todas as configurações
do sistema:
% sysctl -a kern.ostype: FreeBSD kern.osrelease: 6.2-RELEASE-p9 kern.osrevision: 199506 kern.version: FreeBSD 6.2-RELEASE-p9 #0: Thu Nov 29 04:07:33 UTC 2007 root@i386-builder.daemonology.net:/usr/obj/usr/src/sys/GENERIC kern.maxvnodes: 17517 kern.maxproc: 1988 kern.maxfiles: 3976 kern.argmax: 262144 kern.securelevel: -1 kern.hostname: server1 kern.hostid: 0 kern.clockrate: { hz = 1000, tick = 1000, profhz = 666, stathz = 133 } kern.posix1version: 200112 ...
Nota: Alguns dos valores do sysctl estão disponíveis somente para leitura.
Existem ocasiões nas quais o procfs é necessário, como na execução de programas antigos, no uso do truss(1) para rastrear chamadas de sistema, e para possibilitar a Compatibilidade Binária com Linux. (Embora a Compatibilidade Binária com Linux use seu próprio procfs, linprocfs(5).) Se você precisar montar o procfs, você pode adicionar a seguinte entrada no /etc/fstab:
proc /proc procfs rw,noauto 0 0
Nota:
noauto
vai prevenir /proc de ser montado automaticamente durante o boot.
E então monte o procfs com:
# mount /proc
Comando no Linux (Red Hat/Debian) | Equivalente no FreeBSD | propósito |
---|---|---|
yum install pacote / apt-get install pacote | pkg_add -r pacote | Instala o pacote a partir do repositório remoto |
rpm -ivh pacote / dpkg -i pacote | pkg_add -v pacote | Instala um pacote |
rpm -qa / dpkg -l | pkg_info | Lista de pacotes instalados |
Comando no Linux | Equivalente no FreeBSD | Propósito |
---|---|---|
lspci | pciconf | Lista de dispositivos PCI |
lsmod | kldstat | Lista de módulos do kernel carregados |
modprobe | kldload / kldunload | Carrega/descarrega módulos do kernel |
strace | truss | Rastrear chamadas de sistema |
Esperamos que este documento tenha fornecido para você o suficiente para começar a utilizar o FreeBSD. Certifique-se de dar uma olhada no Handbook do FreeBSD para se aprofundar nos tópicos abordados, assim como nos muitos tópicos não mencionados neste documento.
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